Caderno de Viagem – SINTER
  • Caderno de Viagem

    Publicado em 03/05/2013 às 20:58

    O Caderno de Viagem é um espaço aberto à comunidade da UFSC, para curtos relatos de viagens internacionais, sejam elas de estudo ou trabalho, que tenham um cunho cultural e informativo. Serão aceitos relatos informais ou crônicas, acompanhados de fotos, que possam trazer lazer, cultura ou informação aos leitores. Propostas que não excedam 4 mil caracteres (com os espaços) deverão ser enviadas a sinter@contato.ufsc.br, com as seguintes informações:

    • Nome completo
    • Curso na UFSC
    • Fase

  • Estudante da UFSC relata sua experiência em Córdoba (Argentina)

    Publicado em 16/03/2016 às 13:43

    cba

    Gabriel Dauer, estudante do curso de Relações Internacionais da UFSC, decidiu criar um blog para contar sua experiência em Córdoba (Argentina). Gabriel foi selecionado para participar do programa Escala de Estudiantes de Grado da AUGM para estudar na Universidad Nacional Córdoba. Além de informações sobre a cidade, o estudante escreveu sobre a universidade e sobre o programa, explicando os procedimentos e esclarecendo possíveis dúvidas.

    Para acessar o blog, clique aqui.


  • Participante do programa Escala Estudantil da AUGM Relata sua viagem na Argentina Por: Mateus Boaventura

    Publicado em 11/02/2015 às 15:30

    mateus boaventura

    Um celular e boas histórias pra contar: foi disso que o estudante de Jornalismo da UFSC, Mateus Boaventura, precisou para mostrar suas viagens na Argentina. No último semestre ele participou de intercâmbio acadêmico no curso de Comunicação Social da Universidad Nacional del Nordeste, na província de Corrientes. Além das disciplinas, Mateus produziu e editou reportagens sobre a região que visitou, com imagens gravadas pelo aparelho celular. As matérias foram transmitidas no projeto de extensão “Telejornal Diário da UFSC” – TJ UFSC –, e também na página de produções internacionais de estudantes em intercâmbio “Correspondente Universitário”.

    Confira as reportagens:

    http://youtu.be/BWwryqTzttA

    http://youtu.be/JZK7kGEKq-0

    http://youtu.be/w3QdeC5TtMc

    http://youtu.be/_flEZffz2Xw

    http://youtu.be/FjZ52JrhuGo

    http://youtu.be/XAdue1x8qOA

    TJ UFSC

    https://www.facebook.com/tjufsc

    Correspondente Universitário

    https://www.facebook.com/CorrespondenteU

    fonte:UFSC


  • RELATO INTERCÂMBIO ESTUDANTIL EM RESISTENCIA – CHACO – ARGENTINA

    Publicado em 20/11/2014 às 14:06

    Foto SALTA A acadêmica do curso de Arquivologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Fernanda Frasson Martendal relata as atividades desenvolvidas, durante o intercâmbio acadêmico, realizado na Universidad Nacional del Nordeste – UNNE, em Resistencia – Chaco – Argentina, no período do segundo semestre letivo de 2013. Descreve como foi o processo seletivo, o aceite na universidade, por parte do corpo docente e discente, a adaptação na região, com o idioma e com a cultura. Enfoca os principais trabalhos e projetos levados a cabo durante o semestre, como para o Encuentro de Ciencias de la Información del Mercosur – ECIM 2013 e ao Trabalho Integrador Final da disciplina de Gerencia de Archivos, a fim de promover melhorias à gestão do Archivo de la Municipalidad de Fontana, em Fontana – Chaco – Argentina. Apresenta o cotidiano junto aos outros intercambistas com quem convivemos e as viagens realizadas, a fim de conhecer o país e inseri-nos na cultura e no povo que foi o nosso, dali a diante.

    Foto CONGRESSO

    Para acessar o relato completo da Aluna clique aqui


  • Uma redação, uma viagem ao Azerbaijão por Bruno Valim Magalhães

    Publicado em 15/08/2014 às 11:58
    10525768_10154352826280573_7771572545018997921_nO Ministério de Relações Exteriores e o Ministério da Juventude e do Esporte e da Juventude da República do Azerbaijão levou cerca de 90 jovens de 9 países – África do Sul, Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Estônia, Hungria, México e Vietnã – para que fossem visitar o tão desconhecido Azerbaijão. O único representante de Santa Catarina é graduando do curso de Relações Internacionais e já foi estagiário da Secretaria de Relações Internacionais da UFSC (SINTER). O artigo sobre logística e segurança energética euro-asiática rendeu ao graduando Bruno Valim Magalhães uma viagem de 12 dias pela “Terra do Fogo”, como os azeris se referem à sua nação, devido aos seus abundantes recursos energéticos. Muito bem recebida por funcionários do Ministério da Juventude do país e pelo corpo diplomático azerbaijano a delegação brasileira e nosso aluno foram levados a conhecer a capital azeri Baku, uma cidade que data do Império Persa e da Rota da Seda, além de terem sidos levados em uma incursão pela história arqueológica local pela região desértica de Gobustan, pelas tradições religiosas seculares no templo zoroastro de Ateshgah e pela história política e etimológica azeri, aos pés da impressionante cadeia do Cáucaso, nas cidades de Gabala, Lahijc e na cidade palaciana de Sheky. As delegações foram laureadas por seus artigos na ADA University am Baku, onde foram premiadas pelo vice-primeiro ministro e pelos embaixadores azerbaijanos nos países de cada delegação ali representadas. Refletindo bem como o Azerbaijão vem se modernizando e se abrindo ao mundo os alunos tiveram palestras com especialistas em Cáucaso e foram levados a uma vista pela universidade, que busca sua internacionalização. Essa viagem foi, segundo os relatos, impressionante. Uma nação tão diversa da nossa, tão distante, mas muito hospitaleira. Um país que mescla de forma plenamente tolerante elementos túrquicos em sua língua e cultura; islâmicos, cristãos-russos e judaicos em sua religião; e persas e otomanos em sua arquitetura não poderia ter sido menos impressionante e atrativa a alunos que se dedicam às relações internacionais.

  • CORRESPONDENTE UNIVERSITÁRIO

    Publicado em 06/03/2014 às 19:22

    Olá, meu nome é Artur Felipe Figueira, sou estudante de jornalismo na UFSC e atualmente estudo na Université de Rennes 2, na França, através do convênio bilateral com a UFSC.
    Junto com a estudante de jornalismo Renata Bassani, que também está em Rennes, produzimos o programa CORRESPONDENTE UNIVERSITÁRIO.

     A proposta é mostrar, em vídeos de até 5 minutos, o choque cultural que intercambistas enfrentam ao sair do seu país. As reportagens, produzidas em língua portuguesa, trazem os próprios estudantes como repórteres numa linguagem pessoal, jovem e dinâmica.
    O projeto é recente. Nas últimas três semanas, publicamos 6 vídeos. A média de publicação é de 1 a 2 vídeos por semana, todos em qualidade FULL HD.
    Até o momento, registramos 5 cidades, mostrando as características particulares de cada região de acordo com sua história, cultura, clima e as peculiaridades que encantam os visitantes de todo o mundo.
    As reportagens também buscam trazer uma comparação com o Brasil, ressaltando as diferenças de cultura e infra-estrutura.
    Neste vídeo de apresentação, você terá um resumo de alguns assuntos dos quais pretendemos falar:  http://www.youtube.com/watch?v=Z0yhsygl5b4

  • Crônica – Austrália

    Publicado em 11/09/2013 às 12:55

    G’DAY, MATE!

    Essa vai ser a primeira frase que um australiano vai te dizer quando você chegar lá. O povo australiano, em termos de receptividade, é muito parecido conosco, sempre cheios de sorrisos e disposição para abraçar. Esse foi o primeiro passo para que eu me apaixonasse pela Austrália. Estudei um ano na Universidade de Sydney, pelo Programa Ciências sem Fronteiras (CsF). Na Universidade fui surpreendida pela organização e cuidado que o International Office da Universidade teve com os intercambistas, principalmente para nos explicar como a Universidade funciona e procurar estágio. A infraestrutura da UniSyd é espetacular, salas de aula, laboratórios, bibliotecas, lounges e museus repletos de recursos para estimular o ensino e a aprendizagem. A arquitetura do campus é uma mistura de construções antigas, como o The Quadrangle, que lembra muito Hogwarts (é, a do Harry Potter!) e construções supermodernas como a Law School. Há váriosintercambistas de outros países, então temos oportunidade de conhecer não só australianos, mas também outras nacionalidades.

    A cidade de Sydney é bem movimentada, sempre tem coisas acontecendo, SEMPRE. São festivais, exposições, comemorações todo momento, basta ficar ligado nas redes sociais que já dá para saber o que acontece naquela semana. Sydney também é cheia de pontos turísticos como Opera House e a HarbourBrigde. O Darling Harbour é bem famoso, cheio de restaurantes, bares, museus e o aquário de Sydney fica lá também. Se você ainda quiser mais atrações pode pegar um ferry boat e ir para o Taronga Zoo ou até mesmo para a famosa Manly Beach ou ainda pegar um trem e seguir até Blue Mountains, cheia de lindas paisagens e ótima para fazer trilhas. Ah, e tem o Parque Olímpico, muito legal para conhecer e também cheio de atividades. Apesar de todas as coisas boas, Sydney é uma cidade cara, o Programa CsF já está preparado para as cidades de alto custo, mesmo assim é bom saber para já ir se preparado para pagar absurdo coisa que no Brasil é preço de banana, inclusive a banana. Algumas pessoas que conheci tiveram um pouco de problema com a comida local, pois é muito influenciada pela culinária asiática. Há vários restaurantes chineses, coreanos, tailandeses e indianos pela cidade e na Universidade também, a minha dica é: mantenha a cabeça aberta e experimente, eu amei a comida tailandesa e nunca tinha provado antes. Porém, nada impede que você vá ao supermercado, compre o que você goste e cozinhe, tem o lounge para os estudantes internacionais na Universidade com mesas, puffs, piano e micro-ondas. Os australianos também adoram fazer “barbecue” na praia ou em parques, esses locais são equipados com churrasqueira, já que esta atividade é uma das favoritas dos australianos juntamente com assistir rugby, raramente passa jogo de futebol na tv.

    A minha paixão pela Austrália se consolidou quando entrei em contato com a fauna australiana, que é de uma diversidade incrível. Você pode ter contato desde crocodilos, tubarões, aranhas e cobras mortais até coalas, cangurus, ornitorrincos, pinguins, peixes incrivelmente coloridos e muito muito mais. Não sou especialista nessa área, mas acho que não importa de que área você é, simplesmente é muito massa viver essa experiência.A Grande Barreira de Corais é o local que deve ser visitado para quem for para Austrália, não importa a cidade do seu edital. Ela fica na costa do estado de Queensland e é de uma beleza inexplicável. É maravilhoso.

    Antes de fazer o intercâmbio pelo CsF nunca tinha saído do Brasil, ouvia sempre as pessoas dizerem que era uma experiência única e eu realmente assino embaixo. Recomendo fortemente a Universidade de Sydney em termos de ensino e pesquisa, pude passar um ano em um laboratório de pesquisa fazendo estágio. A Universidade tem um alto padrão de pesquisa e recursos não faltam. Em relação ao intercâmbio em geral, volto a afirmar que é uma experiência única e deveria ser vivenciada por todos os alunos. Crescemos profissionalmente e pessoalmente de uma maneira impensável, ganhamos independência, aprendemos uma língua nova, aprendemos a respeitar a cultura e opinião de outras pessoas e a refletir sobre a nossa própria cultura. Muitas vezes me perguntavam coisas sobre o Brasil, as quais eu nunca havia pensado e isso nos ajuda a enxergar nosso país de outra forma, as vezes melhor, as vezes pior e também nos ajuda pensar em soluções possíveis para o que não é satisfatório aqui e que pode ser trazido com o conhecimento adquirido no exterior. Enfim, a oportunidade que está sendo oferecida através do CsF é ímpar e deve ser vivenciada pelos alunos. A meu ver, perde muito quem deixa essa oportunidade passar.

    Carolina Eto
    Farmácia, 9ª fase
    Bolsista na University of Sidney em Sidney, Austrália


  • Crônica – Portugal

    Publicado em 29/08/2013 às 12:52

    UM SONHO REAL

    A vida de sonhos acabou, mas as transformações que ela causou em mim são para sempre.

    Hoje faz duas semanas que cruzei o oceano para regressar à vida na minha amada Ilha de Florianópolis. Mas parece que nunca sai daqui; na verdade, já no primeiro dia parecia que eu nunca tinha saído daqui. As coisas estavam iguais. O mesmo quadro torto na parede, os porta-retratos organizados como eu os deixei, as roupas devidamente dobradas no armário, a mesma geladeira cheia e minha linda família reunida à mesa. Me senti no meu lar, no meu lugar e senti uma vontade enorme de não me sentir à vontade e um desejo de voltar para minha outra vida, que agora parece ter sido um belo e intenso sonho. Um estranho sentimento de pertencer e não-pertencer.

    Porto, Portugal

     É difícil voltar. Ter novamente uma rotina estressante de estudos, ter que se preocupar com o futuro ou com a violência das ruas, não poder mais dar “um pulinho” no país vizinho no fim de semana, não ter mais a vida agitada e de festas, se assustar com os preços absurdamente caros das coisas e assim não querer comprar nada, perder tempo no trânsito, ter dificuldade para voltar para casa depois das 00h, não ganhar mais 0,01 centavo de troco e  não ter mais a Ribeira. Tudo isso volta a ser parte de sua rotina e ao mesmo tempo que te entristece ou te deixa com muita raiva é algo muito comum e natural. E assim, parece que seu 1 ano longe foram apenas 10 minutos fora de sua cidade. Isso machuca um pouco.

    Porto, Portugal

    É estranho voltar. As pessoas te cumprimentam como se você fosse a mesma pessoa que elas viram há um ano. Elas não sabem que você deitou na areia do Saara olhando para o céu estrelado mais magnífico da sua vida, que você se embriagou em Ibiza, que você brincou de guerra de neve, que você tomou banho no Mar Mediterrâneo, que você visitou as pedras em círculo do seu papel de parede do computador na infância, que você quase pulou de paraquedas, que você formou uma nova família, que você sofreu por amor, que você dançou até doer o joelho, que você teve que ver suas melhores companheiras partirem, que você se aventurou no meio do mato, que você riu até não poder mais e que seu peito está doendo de tanta saudade. Elas não sabem que tudo isso marcou sua vida, que você mudou; elas não sabem tudo que você viveu. E o pior é que não tem como elas saberem, porque é impossível você resumir em algumas palavras o tanto de experiências e sentimentos de um ano de vida. Assim quando me perguntam “como foi?” me limito a dizer “foi bom”. Isso machuca um pouco.

    Porto, Portugal

    Eu não estou reclamando de voltar. De verdade, no fundo acredito mesmo que aqui é meu lugar e é nesse país que vou construir meu futuro. É bom rever amigos queridos e ver que a amizade continua e é bom poder apertar sua mãe ou rir com seus irmãos Eu amo minha cidade e sou feliz com minha vida aqui. O que acontece é que o coração ainda está quente com tudo que foi vivido e as memórias estão fortes em minha mente. Às vezes ainda saio de casa em direção ao metro da Casa da Música, pensando em parar na Aliados e subir para a Praça dos Leões para comer um Eclair.  Só depois se torna estranho pensar em fazer isso e é triste pensar que é estranho, que tudo aquilo que você viveu, para a qual você se entregou e que você amava já não faz mais parte da sua vida. De qualquer forma sou muito agradecida por tudo que eu conheci, aprendi, descobri, senti e vivi. E me conforta saber que existe algo que me permite ter a certeza de que não foi um sonho, esse algo é o que está agora dentro de mim e é o que faz a nova pessoa que sou hoje. Além disso, o mais importante dessa minha vida de sonhos eu trouxe comigo, carrego no meu coração e posso vê-los em uma conversa no Skype.

    Eliza Simão de Oliveira
     Ciências Biológicas, 10ª fase
    Bolsista 2012/2 e 2013/1 na Universidade do Porto em Porto, Portugal.

  • Crônica – Portugal

    Publicado em 22/08/2013 às 13:36

    A VERDADE NUA E CRUA

    Nove meses conhecendo o mundo de um jeito que nunca imaginei que poderia. Não coloquei mochila nas costas, escalei montanhas, precisei pedir carona ou passei fome (estilo “Into the wild”). Mas quantas vezes eu quis ligar para casa pedindo socorro!

    Perdi o trem na primeira viagem por não ter recebido os bilhetes, comprei novos bilhetes e fui sentada no chão do trem de Milão à Veneza.

    Tive que atravessar Roma com malas e tudo para trocar de Hostel no meio da noite por causa de um italiano golpista.

    Caí na lábia dos vendedores ambulantes e fui roubada.

    Segui fluxo de pessoas para achar o caminho, porque não havia luz suficiente para enxergar o mapa nas ruelas de Veneza, as 5 horas da tarde.

    Aprendi que os italianos cobram até pela toalha de mesa quando, no final da conta, apareceu o maldito “coperto”.

    Fui obrigada a pagar 7 euros por uma toalha de banho que agora eu divido com a Mari nas viagens (revezamos quem coloca na mala, quem lava o cabelo no dia e a secamos no aquecedor).

    Já fiquei em Hostel com pessoas que faziam “mais do que dormir”. Hostel que acabava a água quente. E onde roubaram minha comida da geladeira compartilhada.

    Também já abusei da comida que sobra no café da manhã e eles oferecem aos hóspedes.

    Já fiz um pote de margarina atravessar a fronteira de três países, e vi 800 gramas de Nutella indo direto pro lixo por não passar na fiscalização do aeroporto.

    Conheço mais nomes de supermercados europeus do que pontos turísticos.

    Passei mal por causa de uma salsicha em Copenhague e enfrentei um banheiro auto-limpante (limite de tempo de 20 minutos!) com a Mari me esperando do lado de fora e uma garota insistente batendo na porta.

    No último ano novo ceei pão com queijo, para assistir os fogos de um lugar privilegiado, e não bebi uma gota de champanhe para turistar cedinho no outro dia.

    Fui várias vezes de sombrinha para a balada em Coimbra. E salto aqui, nem tirei da mala.

    Mala nem se fala, quantas fiz e desfiz, fora a que foi levada por engano em Munique e a que passou do peso em Paris.

    Fiz walking-tour sob chuva em Budapeste e sob neve em Berlim. Também usei o lado de fora da janela para gelar as cervejas nesse dia.

    Fingi escolher doces de uma padaria durante horas pra esquentar as mãos e os pés nos dias frios e nunca passei por um Starbucks ou McDonalds sem entrar para usar o banheiro.

    Me safei, por muito pouco, por ter comprado o bilhete mais barato de metro do que deveria. E errei a parada da estação mais vezes do que posso contar.

    Procurei por horas um panda que já havia morrido. Andei muito pra chegar a lugar nenhum. Perdi a fé no GPS e passei a acreditar mais em placas.

    Passei noites sem dormir pra pegar vôos de madrugada e reconheci em todos os meios de transporte uma cama quente e fofa!

    Cada viagenzinha surpreendia. As vezes eu achava que nada mais podia dar errado e chovia ou ficava frio e a gente não tinha casaco suficiente, não sei. Mas agora eu penso em todas as situações com um sorriso, imagino a Brenda e a Mari rindo muito quando lerem e espero não ter decepcionado ninguém, muito pelo contrário, provocado o espírito aventureiro de cada um!

    Como faz para largar o mundo e voltar a viver numa ilha?

    Marthina Wagner Jönk
    Engenharia Química
    Ciências Sem Fronteiras – Universidade de Coimbra 2012/2013


  • Crônica – Perú

    Publicado em 21/06/2013 às 15:39

    ERAM OS INCAS ASTRONAUTAS?

    As famílias e a atividade agrícola se espalhavam pelos vales, já as sólidas construções militares, religiosas ou administrativas eram erigidas nos picos, mais perto das estrelas. Aliás, este gosto pela altitude, somado ao domínio da astronomia e às avançadas técnicas de agricultura e engenharia, fizeram da cultura inca uma das mais fascinantes da Terra, a ponto de inspirar teorias alienígenas, entre outras fantasias, que já renderam inúmeros “documentários” televisivos e livros bestsellers.

     

    No entanto, dentre as afirmações que ouvi sobre a cultura andina, a que mais me marcou foi a de uma jovem guia, que explicava os princípios arquitetônicos de Machupicchu.

    – Das grossas paredes antissísmicas, 70% ficavam debaixo da terra, sustentando os 30% visíveis. As obras incas tinham de ser assim, concluiu: firmes e eternas.
    Que bonito, pensei! Também não era assim nosso trabalho? Nossas “construções acadêmicas”, nossas obras diárias nos campos do ensino, da pesquisa e da extensão, também não eram elas, em sua maior parte, invisíveis aos olhos? E assim como as paredes incas, não seriam tais obras tanto mais duradouras quanto mais profundos e robustos fossem seus fundamentos? Ora, não há tecnologia sem ciência, assim como não há ciência sem cultura e nem cultura sem educação. Cabe, pois, a esta última, estabelecer a conexão entre as profundezas dos valores populares e ancestrais e os mais altos cumes do conhecimento contemporâneo. Assim pensamos. E, por assim pensarmos, nos demos como missão promover a educação científica, a solidariedade internacional e a aproximação acadêmica entre a UFSC e instituições de ensino latino-americanas.
    Nesse intuito viajamos ao Perú, eu e o professor Paulo Berton, Secretário de Cultura da UFSC. Lá, além de visitarmos escolas, universidades e sítios arqueológicos; além de nos reunimos com comunidades indígenas, grupos artísticos e lideranças locais, firmamos um convênio com a Universidad Andina del Cusco (UAC). Através dele, a UAC abriu suas portas para que estudantes catarinenses possam estudar por até um ano na fantástica cidade de Cusco, a 3.600 metros de altitude, às margens do Vale Sagrado dos Incas. Em contrapartida, a UFSC contribuirá para a formação de futuros mestres e doutores peruanos.

    Nesta curta passagem pela região, saltaram-me aos olhos dois aspectos de sua cultura. Primeiro, a forte identificação com a ancestralidade inca, que se expressa claramente mesmo nos meios urbanos. A cultura indígena é viva e presente em todas as partes. Não como folclore. Não como algo a ser preservado ou protegido, mas como uma forma natural e inabalável de ser peruano e, mais do que isso, cusquenho. Um orgulho sem arrogância. A língua quechua, as roupas tradicionais com suas cores quase fluorescentes, os homens em orelhudos gorros de lã e as mulheres com chapéus de copa alta e longas tranças negras atadas nas pontas. Tudo ali, simplesmente, fundido aos hábitos hispânicos e aos rituais cristãos.

    O segundo aspecto, que já me chamara atenção em minha visita ao estado de Veracruz, no México, se refere a algo que estes povos mantiveram e que nós, por alguma razão, perdemos – ao menos cá no sul. Nós que, ao longo das últimas décadas, trocamos os espaços públicos pelos privados; que por medo ou comodismo (ou apenas modismo), abandonamos nossas ruas e praças e elegemos outras praças, as de alimentação, como centros de lazer e convívio. Diferentemente de nós, os povos andinos ainda lotam as tradicionais praças com suas famílias, em meio a comidas, bebidas e bugigangas coloridas. Casais ainda namoram nas calçadas, senhoras passeiam de braços dados e gerações distintas dividem um mesmo espaço como se fosse numa grande aldeia. Algumas destas cenas me fizeram lembrar do passado. Outras, só havia visto em filmes, como naquelas cenas onde franceses dançavam ao ar livre comemorando o fim de uma guerra. Pois os novos incas, diferentemente de nós e dos novos franceses, ainda dançam e cozinham pelas ruas e se embriagam comunitariamente e em família.

    Comprovei estes dois aspectos quando passei casualmente pelo centro de Cusco na véspera do Corpus Christi. Uma celebração impressionante, comparável ao nosso carnaval. Imagens de santos e virgens saem de suas paróquias sobre pesados andores, carregados nos ombros por uma dúzia de bem dispostos devotos, e seguem pelas ruas, acompanhadas por bandeiras, bandas e fiéis em trajes de gala. Aprendi que tal evento foi uma adaptação dos colonizadores espanhóis. Ora, para terminar com uma inconveniente festa pagã onde os nativos carregavam, nesta mesma época e nesta mesma praça, restos mortais ricamente adornados de seus reis e antepassados, os missionários tiveram uma ideia providencial: substituir as múmias incas por santos cristãos e deixar seguir a festa.
    Os desfiles encerram na grande catedral, onde os santos repousarão até a manhã seguinte, quando então sairão para o desfile final e apoteótico. Enquanto isso, braseiros são acesos nas ruas, o perfume dos assados se espalha pelo ar e casais se atam e desatam em um baile, mais do que popular, sagrado.

    André de Ávila Ramos, em 19 de junho de 2013.

    Secretário-Adjunto de Relações Internacionais da UFSC


  • Crônica – Bolívia

    Publicado em 04/06/2013 às 14:06

    AS VEIAS ABERTAS DE UMA AMÉRICA QUE NÃO É A MINHA 

    No momento que digito este texto, percorro um caminho que vai da cidade de Santa Cruz de La Sierra até Sucre, ambas na Bolívia. Faço esse trajeto em um ônibus de manutenção no mínimo duvidosa, que levará aproximadamente 16 horas para percorrer um trajeto de pouco mais de 600 km. Isso porque a estrada é bastante sinuosa e pouco conservada (para não dizer precária), o que faz com que esta etapa da viagem ganhe uma pequena pitada de emoção.

    As várias cruzes colocadas ao longo do trajeto dão requintes de terror ao enredo da viagem. A parada emergencial feita alguns quilômetros atrás para um suposto conserto da barra de direção é apenas mais um preocupante ingrediente deste enredo. Mas, como otimista que sou, prefiro confiar nas palavras do motorista (e também mecânico nas horas vagas) quando ele diz que “No hay grandes problemas”. Resta-me apenas saber o que seria um “grande problema” para aquele que parece já estar acostumado com esse tipo de situação. É que até isso, ou seja, os problemas, parecem ser apenas mais um destes conceitos ditos como “relativos” neste mundo que começo a desbravar. Bom, mas neste momento, não há nada a fazer a não ser torcer para que o ônibus no qual eu viajo não venha a se tornar mais uma cruz nessa triste estatística de cruzes à beira da estrada.

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